terça-feira, 25 de agosto de 2009

Agradecimento

Uma vez que este e o ultimo post que escrevo na India, ainda com muito por dizer (mas isso fica para os varios reencontros que irei ter com as diversas pessoas), quero dizer que foi uma experiencia incrivel, que adorei e que ira ficar eternamente na minha memoria.

Com isto, ha imensas pessoas a quem tenho de agradecer. Por isso, aqui fica o meu agradecimento publico:


- aos meus pais, primeiro de tudo, pela oportunidade que me proporcionaram. Sem eles, nunca poderia ter vindo aqui... Sinto-me uma pessoa super feliz e devo-lhes tudo o que tenho na minha vida. Ao pai, atento comentador, sem deixar nenhum post sem a sua marca :). A minha mae, que sei que nao dormiu quando me aventurei pelas estradas perigosas ate Leh... Sao os melhores pais do mundo!

- a minha irma que sei que anda a magicar novos planos. O contacto nao foi muito mas sei que andas tambem a acompanhar. Tenho muitas saudades tuas, manita!

- ao pedro, pelo companheirismo, pela partilha de todos os momentos, pelo apoio incondicional e pela espera. "A Terra girou...."

- aos 31 seguidores do meu blogue que espero que tenham gostado de o ler

- aos seguidores anonimos que me foram acompanhando ao longo destes 5 meses

- e nao menos importante, a todas as pessoas que fui conhecendo na India, que me deram um pouco delas e aos quais retribui com um pouco de mim. Sem elas, a minha experiencia seria vazia, sem sentido, sem significado.


A todas as pessoas que partilharam a minha experiencia, que viram a India com os meus olhos e que me irao reencontrar com imensa vontade de conhecer o que conheci, aqui vai o meu...



OBRIGADA!

A viagem anda no fim. O que se planeia por aqui?

A minha viagem/estadia na India esta quase, quase a acabar. Ainda faltam uns dias, e certo, mas a ja vi a partida muito mais longe! :)

Ontem regressei de Leh depois de uma experiencia incrivel. Conheci pessoas maravilhosas, que me puseram a pensar e com quem troquei experiencias (ocidente vs. oriente). Acredito vivamente que, mais do que a experiencia e conhecer locais diferentes, as pessoas com quem vamos travando amizades sao o fundamental e sao o elemento que tornam tudo o que vimos e vivenciamos, em coisas incriveis e imemoraveis.

Conheci desde nepaleses que trabalham em restaurantes durante as suas ferias de verao, desde um ladakhi que trabalha numa agencia de viagens e que gere com amigos um restaurante, desde uma familia ladakhi formada pela mae, filha e filho que geriu a minha ultima guest-house, onde, insistentemente a mae, de 60 anos, me falava em Ladakhi e so se ria, um sorriso lindo, ainda que com falhas, mas super amoroso!

Ja mais para o final da semana, encontrei-me com o Nacho, o espanhol que trabalhou comigo. Na segunda noite, onde nos encontramos por acaso na rua e decidimos jantar, apareceu um mexicano que tambem conheci em Jaipur. No dia seguinte, apareceu a Ana, portuguesa. Portanto, foi um mini Jaipur em Leh! Tive pena de os deixar mas teve de ser!

Ontem regressei de Leh. Detino: Manali novamente.
15 horas num autocarro recheado de 5 israelitas, 5 raparigas ladakhis e eu, unica portuguesa. Cheguei a guest-house onde tinha depositado a minha mochila grande! Tenho agora um super quarto para mim mas que eu mereco depois desta viagem gigante! :)


PLANOS PARA OS PROXIMOS DIAS:
Tal como vos disse no inicio deste post, o fim aproxima-se a passos largos. Amanha vou de autocarro ate Delhi. Parto de Manali as 16h e chego a Delhi as 8h. Decidi (vamos la ver se e a decisao mais correcta) em dirigir-me para o aeroporto assim que chegar a Delhi. O meu voo e apenas as 2 da manha mas nao me encontro no espirito de entrar numa cidade gigante, cheia de pessoas, transito, com imenso barulho e mal cheirosa! Tive o melhor fim que podia ter e quero guardar isso para mim.

Sinto-me feliz por tudo o que me aconteceu!

Chego a Lisboa as 18h, se tudo correr bem :). Espero ver alguem no aeroporto... heheheh. Se nao, havemos de combinar algo para os dias seguintes (tenho tanto para contar!). Sigo nesse mesmo dia para Leiria. Ainda nao sei a que horas... Pessoal de Leiria, fim-de-semana em grande comigo na cidade!

sábado, 22 de agosto de 2009

Dalai Lama

Pois e! Como ja vos falei, Ladakh e essencialmente budista, mais precisamente budista tibetana. A vida no seu dia-a-dia, esta intimamente ligada a religiao. Uma das coisas que ouvi falar foi o facto de todas as pessoas terem respeito, tanto por pessoas e animais, a tal ponto que, se num campo agricola, enquanto o agricultor trabalha, se aparece uma aranha no caminho, ele ou retira-a com uma pa e poem-na noutro sitio ou desvia-se dela... Obviamente, nunca matando-a!

Como e obvio, as pessoas que practicam esta religiao tem como seu orientador Dalai Lama. Hoje comecou uma ronda de 4 dias de ensinamentos publicos sobre o budismo. Toda a cidade de Leh para para o ouvir. No entanto, ele profere as suas palavras noutra vila, uns 30 minutos de Leh.

Ontem, entre os voluntarios da Women's Alliance, combinamos ir juntos. Acordei as 5:30 da manha e encontrei-me com eles as 6:30. Alugamos um jipe, de ida e volta. Enquanto nos encaminhamos para o local, centenas de pessoas, tanto ao longo da estrada como em carros, carrinhas e jipes, prosseguiam, como se fosse mesmo uma peregrinacao. Idosos, homens, mulheres, criancas, monges, .... Todos eles se encaminhavam para o recinto.

Mal chegando la, fomos encaminhados para o local dos turistas, uma vez que DL iria falar tibetano. Azar dos azares, nao ficamos muito perto da coluna de onde vinha a traducao em ingles. Passado algum tempo, la mudamos de sitio mas a percepcao da traducao nao era perfeita. Durante mais de 3 horas, toda a gente, sentada no chao, sobre um sol abrasador e rodeada de uma paisagem fantastica (montanhas) desfrutava dos ensinamentos... E incrivel como as pessoas reagem e se unem quando se trata de religiao! E certamente uma a que vou estar atenta, por todo o sentido que faz.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Mais surpresas por aqui

No inicio desta semana, uma das voluntarias me convidou para jantar com ela, com os outros voluntarios e com Helene, a impulsionadora na ONG onde me voluntariei. Aceitei...

Ontem, a Deb (americana) la me deu as instrucoes como ir para a guest house onde seria o jantar. No meio de ruelas de alcatrao rodeadas de campos agriculas definidos por pedras, la consegui achar o lugar. Fui perguntando pelas pessoas que iam passando por mim e todas elas, gentilmente, me foram dando indicacoes... Fiquei extremamente agradada, uma vez que fico sempre de pe atras quando pergunto... Coisas do mundo moderno!

La achei a guest house e ia super convencida que ia jantar num espaco ao ar livre, como num restaurante, ja que algumas guest houses tem restaurante. Abri uma porta no segundo andar e toda a divisao era um misto de cozinha e sala de estar.

Juntei-me a Deb, a Liz (neo zelandeza ?), ao Jamie (Ingles), a Vanessa (americana) e a Helene. Estivemos todos a cozinhar. Toda ela era uma divisao amiga do ambiente. La ajudei na preparacao do jantar. Entre o come e nao come, a Helena agradece-me pela ajuda que lhe estava a prestar ao anotar os comentarios ao filme, ao que respondi que nao estava a fazer nada de especial. Acrescentar depois que estava bastante interessada no filme ("Economics Of Happiness") uma vez que tinha estudado economia (ja a Deb, na altura do convite disse-me que a Helena tinha bastante interesse em saber a minha opinao sobre o filme por esta mesma razao).

Durante o jantar, entre o brocolo e o arroz, la me pergunta o que achei do filme. Eu, meio atrapalhada, disse-lhe que sou uma pessoa que gosta de ter acesso as duas partes, gosto de reunir informacao sobre o tema, independentemente dos argumentos que se usam, para depois formar a minha propria opiniao. No entanto, confessei que ainda nao tinha uma opinao formada, por isso nao lhe conseguia apresentar a minha visao. O certo e que todos os dias vejo o filme e fico para ouvir a discussao, porque e algo que me interessa (hoje faz 6 vezes que vejo o filme!).

Depois do jantar, estivemos a ver um documentario que ligava teoria de jogos e psicologia, sendo que o primeiro tema esta intimamente ligado a economia. Esta vertente, sendo um dos seus fundadores John Nash (o filme "Uma mente brilhante" fala sobre a sua vida), assenta no principio basico que as pessoas vao actuar com base nos seus proprios interesses, levando ao individualismo. Basicamente e isso mas sao totalmente livres de pesquisar na net... No final, estavam todos meio inconformados com toda esta informacao, a qual tive que esclarecer algumas coisas, mas acho que nao ficaram convencidos.

Entretanto, hoje fui ate a uma agencia de viagens, cujo dono ja e meu amigo, para saber informacoes de como chegar ao sitio onde o Dalai Lama vai dar conferencia publicas e fiquei perto de 3 horas a falar com ele, desde sobre o trabalho dele ate a toda a transformacao que Ladakh esta a passar. A paginas tantas, ele pergunta-me se eu sinto ameacada, se me sinto em perigo. Eu digo-lhe que, assim que tenho de chegar a Portugal tenho de arranjar emprego mas sei que, se nao achar no proximo mes, consigo arranjar nos 2 proximos meses. Com o desenrolar da conversa, nao era essa a resposta que ele queria ouvir nem a resposta que eu queria dar. Era muito mais no sentido da nao sustentabilidade que o homem esta a impor a natureza.... Ele contou-me que ja nao ha tanta neve como antigamente, que os fluxos de agua estao contaminados... Confessou-me que, quando fala com os amigos sobre isto, amigos daqui, que eles dizem-lhe que e um pessimista, dai termos falado sobre este assunto.



Aqui ficam as perguntas: Estaremos ameacados? Sentimos esta ameaca? Sentimos que a nossa vida esta em perigo? Esperam-se reaccoes! :)

domingo, 16 de agosto de 2009

Ladakh, cultura local e afins

Apos o WeinJian se ter ido embora, comeco a explorar Leh por mim propria. Inicio caminhadas aleatorias, sem pressa, conheco locais, aprendo um pouco mais desta cultura e do budismo (Ladakh e maioritariamente budista).

Aprendi muito com o WeinJian, sobre a cultura asiatica, principalmente focada em Singapura, que tem um enorme influencia chinesa. Alguns factos que fui conhecendo sobre Singapura e que merecem destaque:
- Todas as pessoas sabem 2 linguas: chines e ingles
- Em sinal de respeito, tanto por monges como pelas forcas da autoridade, inclinam a cabeca para a frente
- O servico militar e obrigatorio por 2 anos
- E normal alguem comecar a trabalhar e receber 2000 euros
- Cada familia tem apenas um carro
- Nao ha campo em Singapura porque 1) e uma ilha, 2) tudo esta urbanizado
- Um so partido, que e o mesmo sempre. ganha as eleicoes, apesar de existirem outros
- E um pais tropical, com clima tropical, marisco e frutos que nao se veem em mais lado nenhum
- E um dos paises mais avancados do mundo e onde se ganha mais

Como era nosso plano, mas nao tivemo tempo, fui visitar uma organizacao chamada "Women's Alliance" que trabalha a par com outra organizacao, essa sim internacional chamada ISEC (International Society for Ecology and Culture). Ambas dedicam-se a presevacao das culturas locais. Mais informacao: www.isec.org.uk. Todos os dias passam diversos documentarios: as 11h sobre os mais diversos temas, as 13h sobre "Economics of Happiness" (como ja vos tinha falado) e as 15h "Ancient Futures: Learning from Ladakh". Como tambem ja referi, voluntariei-me. Nos ultimos dois dias, anotei os comentarios que foram fazendo durante a discussao que precedeu o filme "Economics of Happiness" e fui construindo o meu proprio comentario ao filme, dado ter estudado economia.

O filme fala, basicamente sobre a insustentabilidade em que vivemos: produzimos cada vez mais, consumimos cada vez mais, ha maior competicao entre as pessoas... A pergunta base e "Sera que isso contribui para a nossa felicidade?", para a qual a organizacao sugere a localizacao da economia: apostar na agricultura biologica, nos agricultores locais, nas energias renovaveis... E um assunto um tanto ao quanto polemico pois podemos encontrar pessoas que defendem uma das frentes, dai que nao seja totalmente consensual.

Basicamente o meu voluntariado nao e nada de especial. Queriam alguem com jeito para o grafismo e design para um novo cartaz a ser espalhado pelas ruas de Leh, mas logo lhes disse que nao era a pessoas mais indicada para o fazer.

A organizacao "Women's Alliance" e algo que me fascina. Foi fundada por uma senhora chamada Helena Norberg-Hodge que veio pela primeira vez a regiao de Ladakh nos anos 70. Conseguiu presenciar, com os seus proprios olhos, como uma comunidade consegue sobreviver apenas dependendo dela, onde toda a gente ajudava toda a gente, onde todos os familiares viviam na mesma casa, onde toda a gente sabia fazer tudo. Nao havia pobres, competicao ou ate mesmo dinheiro, porque as trocas eram efectuadas em generos. Ate a altura em que a regiao se abriu ao exterior, sendo invadida por camioes trazendo os mais diversos produtos, por filmes onde o homem tinha de ser guerreiro e a mulher submissa, pela destruicao da cultura local. Com os turistas, os locais comecaram a sentir-se inferiorizados e com muito menos meios (por exemplo um turista e capaz de gastar num dia o que uma familia em Ladkh gasta num ano). Mais, as criancas sao penalizadas por falar Ladakhi, que e a lingua local e beneficiadas por falar ingles. A paginas tantas, a organizacao promoveu a ida de meia duzia de mulheres desta regiao ate ao mundo desenvolvido para verem com os seus proprios olhos que o nosso mundo nao e um mundo cor-de-rosa, onde ninguem trabalha e toda a gente ganha imenso, mas sim um mundo onde ha inflacao, desemprego, pedintes, lixeiras, poluicao, barulho, solidao, ...

Ladakh e uma regiao magica, envolta pelos Himalaias, onde as pessoas pautam as suas accoes pelo budismo tibetano. Podemos encontrar natureza tao pura, ainda que com vestigios do ocidente.Ha canais de agua ao longo da estrada, o som da agua esta presente em todo o lado, os animais pastam nos campos verdes, o azul do ceu e mesmo azul, um azul vivo pintalgado de branco.

Ainda em Dharamshala, antes de subir mais a norte, comprei o livro "A Journey in Ladakh" escrito por Andrew Harvey. Eu estou a ler a versao inglesa mas, se por acaso encontrarem a versao portuguesa, nao hesitem a compra-la. Poderai ler o que eu vejo com os meus olhos. E um belissimo livro que certamente irao gostar.

Outros aspectos que ainda nao mencionei: Ladakh apenas funciona 4 meses ao ano (meados de Junho ate meados de Setembro). Durante os 8 meses, Ladakh fica inundado de neve e frio, o que faz com que os precos praticados durante esses 4 meses consigam suportar a vida durante o restante ano. Muitas vezes, durante esse 8 meses, muitas pessoas rumam ao sul, dai ser comum ouvir pessoas que sabem que Goa, em tempos, pertenceu a Portugal (ja Diu e mais raro). Um exemplo muito concreto: uma hora de internet em Delhi custa 30 rupias enquanto aqui custa 90 rupias (para alem do factor "4 meses", a ligacao nao e muito boa em Leh e e comum haver cortes de energia inesperados).

Entretanto, com a dia do WeinJian, tivede procurar um quarto individual. Pago 150 rupias/noite com WC partilhado e que fica numa casa de uma familia Ladakhi, portanto, toda a vez que os vejos, digo "Juley" que e obrigado/ola/adeus.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Casal de australianos

No autocarro de Manali para Leh conhecemos um casal de autralianos. Pela conversa inicial, o rapaz ja esteve por toda a Asia, incluindo Tibete. Numa das paragens, eu e o WeinJian almocamos com eles e ficamos a saber que ha 4 meses atras eles iniciaram uma viagem a volta do mundo (US, Europa, Asia) e que iria acabar em Taiwan. Durante 9 meses o rapaz iria estudar e a rapariga ia procurar qualquer coisa para fazer.

Mas ha cada coisa!

No dia seguinte a termos chegado, logo no pequeno almoco encontramo-los.

No outro dia, encontramo-los numa ATM.

Ontem encontramos a rapariga num centro dedicado a preservacao da cultura de Ladakh. Falamos, falamos, falamos. So neste terceiro encontro e que soubemos os nomes deles, Paul e Serena. Mais ao fim da tarde, fomos ter com o rapaz que tinha estado a participar num curso de meditacao. Uma vez que era o ultimo jantar do WeinJian em Leh, decidimos jantar todos juntos!... Falamos sobre tudo, sobre a experiencia na India, principalmente, sobre as suas diversas vertentes.

Hoje a noite eles vao regressar a Manali e eu ainda fico por aqui mais uns dias.....

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O que se vai passando por Leh

Bem, a estadia em Leh tem sido relaxante.. Posso ate dizer que estou numa India diferente, onde as pessoas nao parecem indianas como em Jaipur. E um misto entre o chines e o indiano, tal como no Nepal.

Estavamos acomodados no centro da cidade mas ontem decidimos mudar para um sitio mais calmo e com menos turistas.

Ontem foi dia de rafting. Ja tinha feito rafting em Rishikesh mas este foi muito mais profissional. Demoramos cerca de 2 horas ate chegar ao ponto de partida. Connosco, no barco iam um casal de israelitas, um casal de ingleses ja nos seus 60 e muitos e 3 rapazes indianos de Delhi. Primeiro, ouvimos as instrucoes. Esta primeira parte ja tinha ouvido, portanto nada de novo. Quando ele comeca a falar de instrucoes de seguranca, eu penso para com os meus botoes "Nada vai acontecer...". Ele diz "Se cairem a agua, so agarrem o fio que esta a volta do barco... Ao puxarem uma pessoa da agua para o barco, puxem-na pelo colete salva-vidas"... etc etc etc... Vamos todos para o barco e passados uns 15 minutos, estavamos no meio de um rapido, aguas que circulavam a grande velocidade... (um pequeno pormenor: para alem do colete salva-vidas e colete, tinhamos vestido um daqueles fatos que os surfistas usam para manter o corpo quente). Voltando ao rapido, estavamos no barco mas desisti de remar porque as aguas eram super selvagens. A paginas tantas, so vejo o barco a tombar na direccao oposta ao sitio onde estava sentada. Vai a Mariana, mergulha na agua. So me vejo rodeada de agua, geladissima! Comeco a pensar "Guardo o remo ou deixo-o ir?". Ja o estava a levantar para que alguem me segurasse, mas nada! Comeco a nadar em direccao ao barco enquanto o barco tambem se movimenta em direccao a mim. Seguro a corda. So sinto umas maos (nao sei de quem!) a puxarem o meu colete salva-vidas com tanta forca, forca suficiente que me trouxe de volta ao barco. Bem, uma experiencia sem duvida, radical!... Viro-me para tras e reparo que o WeinJian nao estava no barco.... Wow... Stress! "Onde e que ele esta?"... Ele tambem caiu a agua mas foi resgatado por um homem de caiaque que estava connosco e foi posto noutro barco.... Emocoes ao rubro :)

Hoje de manha participamos numa sessao de meditacao. Como respirar, exercicios de relaxamento e chakras! A tarde, fomos ate ao palacio e vistimos 2 templos budistas!

Amanha o plano e assistir a uma sessao como "Economia da Felicidade" e assitirmos a alguns filmes que vao ser exibidos...

O WeinJian vai-se embora amanha e eu devo ficar em Leh ate dia 23 de Agosto. La mais perto deste dia, devo encontrar-me com o Nacho, o rapaz espanhol que esteve a trabalhar comigo na ONG... Ate la, vamos ver... Sem planos, para variar :)

domingo, 9 de agosto de 2009

In Leh

Depois de manali, Leh foi o destino encontrado. 19 horas numa carrinha para 11 pessoas.... Muitas pessoas, se soubessem, nunca iriam aventurar-se nesta viagem! Eu e o WeinJian, uma vez que o nosso orcamento e limitado, decidimos partir a aventura.

Na carrinha conhecemos um casal australiano que estava a fazer uma viagem pelo mundo ja ha 4 meses, uma senhora inglesa de 60 anos que parece que nao para e que gosta imenso de trekking e uns quantos indianos tambem com o objectivo de fazer trekking...

Ao longo desta viagem, as montanhas eram a paisagem primordial... Montanhas essas pertencentes aos Himalaias! Acreditam nisto! HIMALAIAS! Chegamos ate os 5000m de altitude numa viagem cheia de curvas e contracuvas, sem alcatrao e po, perto de rimbaceiras... Esta estrada e uma das mais antigas do mundo e so esta aberta entre Junho e Setembro por causa do mau tempo.

Chegamos a Leh as 22h, metemo-nos num taxi ate ao centro da cidade para encontrarmos alojamento. Acabamos por ficar num alojamento sugerido pelo Stefan, o rapaz de quem vos falei (que trabalho comigo ha uns tempos atras)... Ainda estamos a pensar no que fazer enquanto aqui estivermos. Rafting parece a melhor solucao visto nao termos tempo para trekking!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O que vem a seguir e o que se passou ate agora

Já vamos a mais de metade da semana e o tempo tem voado!
Neste momento estou em Manali depois de uma viagem de 8 horas num autocarro publico a parar em todas as terriolas com imensas pessoas a entrar e a sair! Lembrei dos chapas em Mocambique porque existe também um homem no autocarro que cobra as entradas as pessoas que entram e da sinal ao condutor para parar mas o "cobrador" indiano e muito mais sofisticado porque este tem um apito para sinalizar as paragens.

Amanha vou passar mais um dia em manali e depois partimos em direcção a Leh, numa viagem de 20 horas!

Tenho recebido imensas mensagens de pessoas que ainda ficaram em Jaipur ou que já regressaram a casa! E mesmo bom manter contacto com os amigos que vamos fazendo :)

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Proximas semanas

Bem, sai de Jaipur no passado domingo em direccao a Shimla, um pouco a norte de Delhi, nas montanhas. O plano era encontrar la um rapaz que conheci em Jaipur atraves da AIESEC, o Weinjin, de Singapura. Pequeno pormenor: antes de ele viajar para Varanasi, trocamos emails e encontramo-nos para delinear as semanas da nossa viagem. No entanto, ele nao tem telemovel, so eu e que tenho.

Parti de Jaipur as 20h de domingo e cheguei a Shimla as 12:30, portanto, umas 17 horas de viagem e ele sempre a ligar-me do telefone publico a perguntar-me onde estava... E eu sempre a dizer "Estou no autocarro, mais 10 minutos". Ficou combinado encontrarmo-nos na estacao de autocarros. So quando desliguei, um senhor disse-me que o autocarro nao parava na estacao, mas um pouco antes. OK, vai a Mariana carregada com toda a bagagem em busca do WeinJin... Ponto de encontro, mais precisamente: casa-de-banho da estacao! Andei um bocado as voltas mas la o encontrei...

Outro pormenor: de acordo com o nosso plano, eu devia ter saido de Jaipur no sabado a noite e nao no domingo! Fantastico!.... So reparei quando cheguei a casa depois do jantar, no sabado, na casa da Mrs. Garg... Solucao: partir nesse mesmo dia para Dharamshala, uma vez que, ficando um noite em Shimla, o plano ficaria todo distorcido, para alem de que em Shimla nao ha nada para fazer!

Bem, acordando no que fazer, saimos de Shimla no mesmo dia qe cheguei la, as 21:30 para chegar a Dharamshala as 6:00. Encontramos tambem dois rapazes que estao a fazer estagio em Jaipur na estacao de autocarros em Dharamshala... Totalizando, em dois dias, 27 horas de autocarro! :)

Em Dharamshala, o autocarro para antes da estacao e toda a gente sai, pegando na sua bagagem... Eu, o WeiJin e um outro rapaz paramos na estacao porque o autocarro comecou a andar mesmo antes de conseguirmos sair... Quando saimos, vou a bagageira, a procura da minha bagagem, e nada! Entrei em panico! A minha bagagem de 5 meses, numa mochila backpack nao estava la... La falamos com o homem que vende bilhetes e ele la nos disse que tinha despejado tudo quando toda a gente tinha saido, portanto, um pouco mais acima da estacao... Em stress, comecamos a subir as estadas e la estava a minha mochila! Satisfacao total!

Entretanto, arranjamos um alojamento no meio das montanhas. Temos de fazer um pouco de trekking para ir para o centro da pequena aldeia onde estamos :)... E muito giro porque so se ouve a natureza... Nada de carros, riquexos, motos!

Amanha partimos em direccao a Manali, no autocarro das 17h para chegar as 5h da manha do dia seguinte. Ficaremos uma noite e o plano e seguir para Leh...


Vamos la ver!

sábado, 1 de agosto de 2009

Despedida na minha ONG

Na passada sexta-feira, tive a minha despedida na Bal Rashmi.
De manhã finalizei os relatórios que estava a trabalhar durante este tempo todo e depois do almoço, tive este pequeno momento.
Fomos todos para uma sala onde eu nunca tinha estado, ao longo dos meus 4 meses.... Uma sala de reuniões gigante!
Toda a gente do escritório foi convidada.... Na foto aparecem (da esquerda para a direita): Joana (Portugal), Mrs. Garg, Nacho (Espanha), eu, Karina (Polónia) e Joana (Portugal). Não aparecem a Cristina Lopez, uma senhora espanhola que costuma ajudar com dinheiro algumas escolas, o Akhilesh, o Sateyndra e 5 rapazes do orfanato.
Eu já tinha presenciado a despedida do Stefan, portanto já sabia, mais ou menos, como as coisas se processavam.
No início, a Mrs. Garg pediu-me que proferisse umas palavras. Bem, nem sabia o que dizer.... O silêncio incial foi gigante, como se fosse suspense mas todas as imagens e palavras corriam na minha cabeça à velocidade da luz....
Lá comecei a falar, num discurso não lá muito organizado (para quem me conhece, sabe perfeitamente que as minhas improvisações são realmente improvisações!) e lá disse umas palavras sobre o quanto gostei de trabalhar na Bal Rashmi, agradeci a oportunidade por trabalhar lá e que admirava todo o trabalho da Mrs. Garg. Enquanto falava, a Mrs. Garg só olhava para o chão numa tentativa de controlar as lágrimas.
Depois, foi a vez dela! Uiiii!..... Só dizia coisas boas: que foi óptima a minha presença ali; que nunca parecia que eu era de outro país; que todos vão sentir a minha falta; que a partir de agora, todos os relatórios anuais que se fizerem, vão mandar uma cópia para mim; que era como se fosse uma filha; que tive nos bons e maus momentos mas só para recordar os bons e que fiz um óptimo trabalho, já que há imenso tempo não se faziam relatórios anuais e eu fui capaz de reunir dados e inforamções de dois anos.
Ela deu-me a carta de recomendação e eu dei-lhe o meu relatório sobre o meu estágio, tal como um postal. Após isto, ela deu-me um colar com uma pedra preciosa do meu aniversário. Uauuu! Ela bem que me perguntou quando é que era o meu aniversário e qual a cor que eu gostava mais no dia anterior mas nem matutei muito sobre o assunto... Quando ela me mostrou o colar, fiquei de boca aberta. Uma pedra em forma de gota, cor verde água, mas uma coisa enorme!
Depois, deu-me um colar de rosas, o que é uma tradição aqui na Índia, em despedidas e recepções. O Tony, um dos rapazes do orfanato, deu-me também um, tal como o Satyendra, o contabilista que é o trabalhador do escritório que mais tempo trabalha na ONG. Total: 3 colares de rosas e um fio à volta do meu pescoço.
No final, depois de abraços, agradecimentos e quase lágrimas, foi-nos dada alguma comida (paties que é feito de massa folhada e batata e um doce), mais um costume da Índia. Eu já estava a fazer um grande esforço para comer tudo, quando a Mrs. Garg me oferece o doce dela....
No dia seguinte, ontem, sábado, fui convidada para jantar a casa dela. Fui comprar umas flores em tom de agradecimento mesmo antes de ir. A hora de encontro era às 20h na minha casa, já que o jipe me iria buscar. Esperei, esperei.... Ela telefona-me a perguntar onde estou e eu só digo que estou em casa... Ás tantas, ela diz-me para apanhar um riquexó em direcção a casa dela... Começo a andar, faço a curva no final da minha rua e lá estava o jipe.... Bem, uns 40 minutos atrasada e com toda a gente à minha espera (toda a gente, entenda-se Mrs. Garg, Cristina e Krishna, o marido de Mrs. Garg)...
Foi o segundo jantar que tive numa casa indiana... Em 4 meses, comi peixe mas teve de ser com moderação, já que o meu corpo não está habituado a peixe (vegetais, vegetais e vegetais).
Estivémos a conversar sobre Economia, apesar do marido ser professor de Fisica na Universidade do Rajastão (já estiveram a viver umas temporadas no estrangeiro - US, Suécia, etc.) e sobre alguns acontecimentos que eu presenciei na ONG. Foi bom relembrar os bons tempos.... Rimo-nos imenso!
Agora, quando voltar à India, tenho obrigatoriamente que visitar estes meus amigos. Der por onde der :P.... Para mim, será um prazer!
Fotos do último dia, aqui